TREINAMENTO DE PEQUENOS GRUPOS

 Capítulo 01 – Grupos Pequenos, A Redenção Humana e o Povo de Deus Para que entendamos o papel dos pequenos grupos na Igreja, hoje, precisamos fazer uma retrospectiva na história da redenção do homem, na formação de um povo separado por Deus para o Seu propósito. Ao olharmos para a história bíblica e também da Igreja após o período neotestamentário, podemos dividi-la em alguns momentos marcantes, incluindo aí nossa história com igreja local. I) Abraão – O Grande Patriarca Apesar do relacionamento de Deus com o homem ter se iniciado na Criação, apenas com Abraão foi que uma nação, um povo, começou a ser esboçado. Vemos na promessa de Gênesis 12:1-3, que Deus faz a Abraão duas grandes declaração: a de que a partir dele se formaria: a) uma grande nação – escolhida para servir aos propósitos redentores de Deus; b) uma terra prometida – um local geográfico para abrigar este povo. Com esta promessa, o Senhor inicia a formação da nação, a qual Ele deu o nome de o Povo de Deus, uma nação com um lugar geográfico definido para a sua instalação, ainda que esta instalação viesse a ser prorrogada para as gerações futuras. II) Moisés – A Primeira Grande Redenção Após a transferência da descendência de Abraão para o Egito e de se tornarem escravos, Moisés é levantado como o libertador no que pode ser considerada a primeira grande redenção do Povo de Deus. Além da saída do Egito, rumo à terra anteriormente prometida a Abraão, Deus deu a Moisés e ao povo de Israel algumas características peculiares de nação: um conjunto de leis – morais, civis e cerimoniais – que passariam a nortear a vida dos judeus. Para o exercício religioso, o Senhor ordenou a construção do Tabernáculo, um templo em formato de tenda, que simbolizava a presença de Deus em meio a seu povo. Para o ofício no Tabernáculo, mandou separar Levitas e Sacerdotes (linhagem de Arão), especialmente consagrados para este fim (nenhum israelita de outra linhagem poderia ocupar tal posto). A base do culto eram os sacrifícios e as ofertas, sendo que os ritos e liturgias eram todos prescritos, conforme o Pentateuco (cinco primeiros livros do AT, atribuídos a Moisés). Para sacramentar esta união de Israel com o Senhor, ambas as partes firmam a aliança e Deus declara em Êxodo 19:5,6 que este agora é o Seu Povo, propriedade exclusiva, reino de sacerdotes e nação santa. A partir desta aliança, o Povo de Deus se estabelece na terra prometida, crescendo e ocupando o seu lugar entre as nações. III) Davi e Salomão – O Reinado Sob o reinado de Davi, Israel se estabeleceu de forma definitiva em Canaã, expulsando e conquistando os povos mais resistentes, ainda que algumas áreas continuassem sob domínio filisteu. Com esta consolidação do Reino, Davi se sente incomodado com o fato de ele morar em um palácio enquanto o templo do Senhor ser não mais que uma tenda. Assim, ele propõe a construção de um suntuoso templo, que é construído não por ele, mas por Salomão, seu descendente (veja 1 Crônicas 17:1-15). Com Salomão também vêm o apogeu e o início do declínio de Reino de Israel, pois ele consegue expandir suas fronteiras à sua extensão máxima, trazendo riqueza e fama à nação, mas também abriu as portas para a idolatria que, por fim traria a divisão ao Reino. Com o Reino dividido, não demorou a virem os cativeiros, juízo de Deus sobre o Reino do Norte (Israel), através dos assírios (723 a.C.), e sobre o Reino do Sul (Judá), com os babilônios (586 a.C.), que destruíram o Templo de Salomão e pilharam seus pertences. Após o cativeiro babilônio, no período marcado pelos livros de Esdras e Neemias, se dá a reconstrução do Templo, época em que Ageu profetiza sobre a glória do 2º Templo, que seria maior que a do 1º (veja Ageu 2:3,6-9). Assim, encerra-se o período de revelação do Antigo Testamento, com Malaquias anunciando a vinda de Elias (Malaquias 4). Daí até a próxima revelação de Deus a seu povo, passaram-se cerca de 400 anos, e este era o quadro de espera dos judeus do tempo que precedeu o nascimento de Jesus. IV) Jesus Cristo – A Segunda e Definitiva Grande Redenção O povo em Israel, debaixo do domínio do Império Romano, apresentava um quadro de expectativa de libertação, principalmente através de um Messias, enviado por Deus para este propósito. Em meio a esta espera, surge João Batista, cumprindo a profecia de que um profeta no poder de Elias viria, e, quase que ao mesmo tempo, Jesus, operando milagres e sinais. Assim, começa o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Jesus, sabendo da dificuldade que os religiosos da época (fariseus e escribas) teriam para realinhar seu pensamento com a Palavra de Deus, escolhe para discípulos gente de fora do círculo religioso comum: pescadores e marginais (um publicano, um zelote...). Uma mudança de mentalidade era necessária (veja Mateus 9:14-17). Durante sua caminhada em Israel, Jesus começou a dar sinais de que o Templo e a tão esperada glória que o encheria não se tratavam da construção de pedras, mas de seu próprio corpo (veja João 1:14 (habitou//“tabernaculou”) e 2:18-22). Com a morte de Jesus, o cumprimento do A.T. também selou uma era onde os sacerdotes eram apenas da linhagem de Arão. Pelo sangue de Jesus, todos os que nele crêem têm livre acesso à presença de Deus. Somos, assim, os “sacerdotes da nova aliança” (veja Hebreus 10:19-25 e 2 Coríntios 3:4-6) e também ministros da reconciliação (veja 2 Coríntios 5:18-20). Firmados nesta palavra, os discípulos, após a ressurreição e ascensão de Jesus e posterior derramamento do Espírito Santo, começaram a vivenciar a Igreja de Cristo, baseado no modelo aprendido de Jesus: relacionamentos, comunhão, testemunho, proclamação das Boas Novas acompanhada de sinais e milagres. O modelo de grupo pequeno e discipulado, experimentado pelos Doze, foi multiplicado, onde vemos o dia-a-dia Igreja acontecendo tanto no Templo quanto nas casas (veja Atos 2:44-46; 5:42; 20:20; Romanos 16:3-5,14-15). Assim, o novo Israel de Deus, incluindo judeus e gentios, passa a experimentar as promessas de adoção do A.T., conforme Pedro afirma em 1 Pedro 2:9,10 (compare com Êxodo 19:5,6). V) Igreja-Instituição - O Retrocesso A Igreja de Cristo experimentou, desde seu início, uma tremenda expansão numérica. Em todas as cidades onde os apóstolos – e depois os demais cristãos – pregavam, pessoas se convertiam a cristo, abriam suas casas, e logo começavam a se reunir para compartilhar a vida comum, as experiências com Cristo e a proclamar a outros o Evangelho de Jesus. Esta expansão foi tal que o próprio Império Romano, antes perseguidor dos Cristãos, passou a aceitar sua fé, até chegar a ponto de não só legalizá-la, mas abraçá-la como religião oficial do Império, por volta do século IV. Com isto, alguns desastres aconteceram. A influência do poder secular no meio da Igreja começou a se fazer vista, minando aos poucos a autoridade de seus líderes, transformando a Igreja de um “organismo vivo” em uma instituição. O quadro a seguir ilustra um pouco o que aconteceu com esta Igreja, com o passar do tempo: A Igreja de Atos tinha... A Igreja-Instituição deu lugar a... Lugar Templo e nas casas Só nos templos Ministros Todos os crentes Classe sacerdotal (padres) Dia de adoração Todos os dias Domingo Dinâmica Exercício dos dons Liturgia engessada Durante séculos, Deus manteve dentro da Igreja-Instituição um remanescente fiel à Palavra que resistiu à corrupção do sistema e que vivia e pregava os valores do Evangelho. A pregação de parte deste remanescente, já nos séculos XV e XVI, deu origem à Reforma Protestante, que, dentre vários clamores, lutou pelo retorno da doutrina bíblica do Sacerdócio Universal dos Santos, ou seja, que todos os crentes em Jesus são sacerdotes, e não apenas uma casta seleta. A grande pergunta que ainda paira no ar é: os protestantes colocaram em prática esta doutrina ou ficamos apenas na teoria? VI) O Retorno – Esforços Contemporâneos de Vida em Comunidade Como já foi descrito, durante toda a caminhada da Igreja, Deus reservou um remanescente fiel à sua Palavra, resistindo aos desvios e corrupções do meio, ainda que dentro da própria igreja. O mesmo pode ser dito em relação à vivência da vida em comunidade, através de encontros de grupos pequenos: durante a história do Povo de Deus, sempre houve gente, ainda que em pequena escala, que insistia neste nível de convivência íntima entre os irmãos. Em alguns momentos da história, como no avivamento da época de John Wesley, na Inglaterra do século XVIII, uma ênfase na comunhão nos lares causou uma revolução na vida da Igreja e da sociedade, mas foram movimentos localizados, isolados. Na segunda metade do século XX, entretanto, iniciativas de reorganização da igreja através de grupos pequenos começaram a chamar a atenção em países como Coréia e Estados Unidos, seguido por países das mais diversas culturas, como Costa do Marfim, África do Sul, El Salvador, Cingapura, Hong Kong e Etiópia. Estes movimentos foram dando forma ao que chamamos hoje de o Movimento de Igrejas em Células. Já no final do século XX, uma grande variedade de modelos surgiu, dentre eles o G12, na Colômbia, e junto com ele muita polêmica, principalmente no Brasil. VII) Nossa História - A história da Igreja Presbiteriana de Tingui teve início com um grupo que se reunia no lar do Irmão Roberto Perdigão na chamada Rua “B”, lote 25. A atividade era dirigida pelos irmãos Josino Quadros, Augusto de Almeida e a irmã Cássia Coutinho; se tornando um ponto de pregação, uma congregação e por fim uma igreja. No período do pastor Natanael foram criados 10 grupos de oração nos lares. Hoje temos somente um remanescente que é o Caminhando com Cristo. Vamos tentar novamente, sendo que desta vez, seguindo um treinamento constante da liderança e encontros frequentes de todos os grupos para troca de experiências; repassando sempre a visão. Capítulo 02 – Pequenos Grupos, Células e Igrejas em Células Como vimos no capítulo anterior, o trabalho de grupos pequenos não é algo inventado pelo homem ou um modismo, mas o ambiente ideal para que os cristãos tenham seus valores pessoais lapidados e possam exercer o ministério que Deus lhes deu através da prática de seus dons espirituais. Diferente do que alguns defendem, o grupo pequeno não é a única forma de expressão e reunião da Igreja. A grande reunião, onde um grande grupo de cristãos se reúne para celebrar o nome de Jesus é tão bíblico quanto o grupo pequeno, daí surgindo a seguinte figura: A Igreja de Duas Asas O Pr. Bill Beckham compara a igreja em células a uma águia que se utiliza das duas asas para voar, onde o uso das duas lhe dá condições de planar bem e com equilíbrio, alçando vôos altos. Em sua analogia com a Igreja, uma asa é a celebração do grande grupo e a outra, a comunhão dos grupos pequenos. Combinando as duas coisas, a igreja voa alto e vai longe, cumprindo a vontade de Deus sobre a Terra. Deus criou a igreja com duas asas – “no templo e de casa em casa”. Com o passar do tempo, ela foi restringindo sua atividade apenas à grande reunião, deixando o pequeno grupo como opcional e, aos poucos, como uma exceção. A igreja em células procura resgatar este modelo de trabalho, concentrando todas as suas atividades em torno da grande reunião e das pequenas reuniões, que ele chama de “asa do atacado” e “asa do varejo”. A asa do atacado A asa do atacado é a celebração – o culto. É onde toda a comunidade se reúne para celebrar o Nome do Senhor, e como grande grupo, desfruta da grandeza de Deus – o transcendente. Recebe uma ministração geral, através da exposição da Palavra de Deus, sem grandes oportunidades para um contato mais íntimo ou uma alimentação mais particular. A asa do varejo A asa do varejo é a reunião da célula. A comunidade se divide em vários grupos pequenos, para igualmente adorar ao Senhor. Porém, sendo poucas as pessoas, desfruta da intimidade de Deus – o imanente – e dos irmãos. Recebe uma ministração específica à sua vida e necessidades através da aplicação da mensagem exposta na celebração ou em estudos regulares. Promove, assim, um ambiente para a intimidade e a edificação mútua. Grupos Pequenos ou Células? Biologicamente, a menor unidade estrutural de um organismo capaz de funcionamento independente é a célula. O corpo humano é formado exatamente pelo ajuntamento de bilhões de células. Estas células não são estáticas, pelo contrário, se desenvolvem e multiplicam-se. Curiosamente, a Bíblia chama a igreja de “Corpo de Cristo” (1 Coríntios 12:27). O atual movimento de grupos pequenos adotou esta nomenclatura, dado ao fato de o processo ser muito semelhante. Os grupos pequenos, da mesma forma que as células humanas, juntos formam o “corpo”, que cresce à medida que os grupos pequenos vão se desenvolvendo e se multiplicando. Um fato interessante é que cada célula possui um núcleo, que é reproduzido no processo de multiplicação. As células da igreja também possuem um núcleo – Jesus Cristo – que também se torna o núcleo das novas células à medida que vão se multiplicando, ditando suas características e seu bom funcionamento. Veja, como exemplo, o quadro comparativo abaixo: Células em um corpo Células em uma igreja É a menor parte viva no corpo humano. É a menor unidade de vida em uma igreja. Carrega todas as funções da vida. Carrega todas as funções da igreja. Cada parte da célula tem uma função particular que deve ser cumprida para a vida da célula. Cada membro da célula deve funcionar com seus dons para a vida e crescimento da célula. A célula cresce e se multiplica. Depois da multiplicação, o processo se inicia novamente. Quando a célula cresce em número, a liderança é reproduzida e a célula se multiplica, iniciando novas células. Cada vez que uma célula se divide, ela é completa em si mesma, tendo o que precisa para a vida. Depois da multiplicação de uma célula, ela começa a focalizar-se novamente no crescimento e multiplicação. Células se juntam para formar um corpo. Cada célula é uma comunidade cristã de base, tendo tudo o que é necessário para ministrar a vida de Jesus. As células se juntam em cultos de celebração. A Diferença de Células e Demais Grupos Pequenos Muitas igrejas trabalham com pequenos grupos. Existem os grupos de estudo bíblico, grupos familiares, grupos domésticos de oração, grupos de evangelismo e assim por diante. A principal diferença entre estes grupos e as células, está na função e no ciclo de vida. A função da célula não é estudar a Bíblia OU evangelizar OU orar. Como organismo vivo, ela tem todas estas características, investindo ao mesmo em todas as áreas da vida cristã. Tudo o que se encontra na Igreja – comunhão, evangelismo, estudo da Palavra, adoração, etc. – encontra-se também na célula, pois ela é nada mais que a própria Igreja, reunindo-se em escala menor, numa casa. A grande contribuição da célula está no fato de que sua dinâmica está fundamentada em relacionamentos próximos, seja entre os irmãos, seja com incrédulos. Quanto ao ciclo de vida, enquanto os grupos pequenos, de modo geral, permanecem pequenos ou crescem a ponto de se tornarem congregações, a célula cresce e se multiplica permanecendo num constante movimento de crescimento, sem perder a característica de um grupo pequeno. Cresce e divide. O Sacerdócio Universal dos Crentes Durante séculos a igreja cristã limitou os exercícios dos ministérios aos seus ‘oficiais’, devidamente treinados em seminários e chamados de sacerdotes. Com a reforma protestante do século XVI, isto foi questionado e a doutrina do sacerdócio universal dos crentes resgatada. O texto de 1 Pedro 2:9, diz que somos ‘sacerdócio real’, ou seja, cada cristão é um sacerdote, ministro, com autoridade de Deus para exercer ministérios (servir) na igreja. No livro de Atos isto fica muito evidente, pois o evangelho não era pregado apenas pelos apóstolos, mas por todos os cristãos (Atos 8:4), que inclusive fundavam igrejas (Atos 11:19-21). A igreja em células enfatiza esta doutrina e dá condições estruturais para a prática da mesma. Na célula, TODOS podem e devem exercer seus dons e ministérios. A começar pelo líder de célula, que não precisa ser alguém formado num seminário teológico, com grau de bacharel em teologia, mas sim um cristão autêntico, vocacionado por Deus e disposto a ser usado pelo Senhor para a edificação da igreja. Este modo de encarar a vida na célula ajudou a cunhar um slogan, muito usado por igrejas em células: Cada casa, uma igreja. Cada membro, um ministro. Com esta frase, queremos dizer que a reunião da célula tem todas as características necessárias de uma reunião da igreja, não sendo menos que isto só porque se reúne em uma casa durante a semana. Também afirmamos que não só o pastor ordenado, mas todo crente é um ministro, servindo a Igreja com os dons espirituais recebidos pelo Espírito Santo. Como veremos a seguir, isto não anula nem menospreza o papel da liderança, mas distribui a todos o privilégio e a responsabilidade da edificação. O Sistema de Liderança Existem vários modelos de igreja em células. Cada modelo adota um ‘sistema de gerenciamento’ ou liderança diferente. Na Oitava Igreja presbiteriana em BH usa-se o modelo do Ministério Igreja em Células no Brasil, de Curitiba/PR, adaptando o necessário para realidade deles. O sistema ou estrutura de liderança usada por este modelo não é uma idéia nova, mas foi dado a Moisés por seu sogro Jetro (veja Êxodo 18:13-27), quando este percebeu que a tentativa de Moisés de pastorear sozinho todo o povo no deserto estava levando tanto ele quanto o povo à exaustão. Nesta estrutura, cada célula é formada por um grupo de cinco a quinze pessoas, que são lideradas e pastoreados por um Líder de Célula (LC); cada três a cinco Líderes de Células são liderados e pastoreados por um Supervisor (S); cada três a cinco supervisores são liderados e pastoreados por um Coordenador de Área (CA); cada três a cinco Coordenadores de Área são liderados e pastoreados por um Coordenador de Distrito (CD)... e assim por diante, estando todos sob liderança e pastoreio do Pastor Geral. Esboço de uma estrutura de liderança de células Célula ou Pequeno Grupo? Como vimos, ‘célula’ é uma filosofia de trabalho de grupos pequenos. Muitas igrejas que adotam este método passam a chamar seus grupos pequenos de células, enquanto outras continuam chamando-os de grupos familiares, grupos de comunhão, etc. Na Oitava Igreja de Belo Horizonte, chamam células de GCOI – Grupos de Crescimento da Oitava Igreja. Neste material, entretanto, os termos célula, pequeno grupo e GCOI serão usados alternadamente, significando o mesmo tipo de grupo, a não ser que seja explicitado de forma diferente. Capítulo 03 – O Propósito da Célula Já vimos que a célula, diferente do grupo pequeno até então experimentado, tem uma ação variada, atuando de forma abrangente na oração, no aprendizado da Palavra, na comunhão, e assim por diante. Mas, e o propósito geral da célula? Qual é o seu objetivo de funcionamento? A célula, sendo um ajuntamento de discípulos de Cristo, deve funcionar levando em conta o que o Senhor disse ser o propósito de vida de todo cristão, resumido em Mateus 22:37-40: Respondeu Jesus: “ ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois dependem toda a Lei e os Profetas”. A célula deve criar o ambiente para que estes dois mandamentos sejam vividos em sua máxima intensidade. Amar a Deus implica em aumentar o relacionamento com a Trindade, conhecendo o Pai, Jesus e o Espírito Santo de forma prática e íntima. Amar ao próximo, por sua vez, reflete-se em duas frentes: o amor aos irmãos, demonstrado através da comunhão, da assistência nas necessidades, do fortalecimento nas lutas e do compartilhar das alegrias; e também o amor àquele que ainda não conhece o Senhor como seu salvador, demonstrado através do evangelismo, onde a célula vivencia uma dinâmica de alcance daquele que ainda está perdido. Desta forma, podemos resumir o propósito da célula em duas palavras: edificação e evangelismo. Edificação através do relacionamento com Deus e com os irmãos na fé e evangelismo através de relacionamentos com amigos, colegas e parentes não-crentes. Para que isto aconteça, a célula deve estimular a interação entre os membros e a abertura para o compartilhamento, onde a adoração e o estudo bíblico acontecerão em meio a este ambiente de comunhão. O programa da célula não é a reunião semanal. O seu programa são as pessoas. A célula, como Corpo de Cristo, deve viver como corpo, permitindo que o Cabeça da Igreja se manifeste através dele. Edificação na Célula As duas principais figuras que o Novo Testamento usa para Igreja são um corpo em desenvolvimento (Colossenses 2:19; Efésios 1:22) e um edifício sendo construído (Efésios 2:19-22). A idéia é a de uma obra que Deus está edificando sobre a terra. Ela está em franco crescimento. Como dono da igreja, Deus é o único que pode edificá-la, mas como servos do Senhor, nós somos usados por Ele neste trabalho de edificação. A passagem de 1 Tessalonicenses 5:11 é um dos chamados mandamentos recíprocos. A idéia é de simultaneidade, onde não apenas o pastor/pregador é usado para edificar a igreja, mas todo e qualquer cristão autêntico. Os cristãos edificam-se uns aos outros à medida que exercitam seus dons espirituais, talentos e ministérios. Através de compartilhamento, desenvolvimento de amizades e estudo bíblico, os participantes da célula edificam-se mutuamente. Os novos aprendem com os mais experientes, uns oram pelos outros e juntos refletem sobre a Palavra de Deus. Momentos como estes, de modo geral, não são possíveis na grande reunião de celebração no templo. Mas, para isso, é preciso consciência do sacerdócio universal dos crentes. Todos são ministros e todos recebem ministração. É por isto que, na célula, todos precisam ter oportunidade e devem ser incentivados à participação. Uma simples palavra de alguém pode surtir um grande efeito na vida de outro que está ali e o dom espiritual de um cristão é aliado ao dom de outro para a edificação do grupo, como um todo. Evangelismo na Célula A igreja não foi planejada por Deus para viver centrada em si mesma, mas sim ser uma comunidade sem fronteiras, vocacionada para ser bênção a todos os perdidos, seja do outro lado do mundo ou do outro lado da rua. Quando Deus chamou Abraão, prometeu abençoá-lo, mas também ordenou que ele fosse uma bênção para outros (Gênesis 12:1-3). Nós não fomos chamados para sermos apenas abençoados, mas também abençoadores. A célula não pode subsistir sem evangelismo, pois ela não é um fim em si mesma. Sem novos na fé ela perde sua dinâmica, sua vivacidade. Os novos são desafios para os mais velhos, pois os obrigam a buscarem a Deus para serem bons discipuladores e responderem aos questionamentos dos recém-convertidos. Além disto, pessoas que dificilmente viriam ao templo para participar de um culto, certamente terão mais liberdade para visitar a residência de um amigo e participar de uma reunião informal. Desta forma, as reuniões da célula tornam-se oportunidades preciosas para evangelizar amigos, parentes, colegas e vizinhos. O texto de Atos 5:42 mostra o dia-a-dia comum da igreja primitiva, onde diariamente eles ensinavam e pregavam. O ato de “ensinar” está ligado à edificação e ao discipulado, enquanto o “pregar” é a proclamação, a evangelização. Isto deve acontecer de forma natural, onde cada participante é encorajado a orar e falar de Jesus para seu círculo imediato de relacionamentos. Quando alguém deste círculo dá abertura, pode-se levá-lo à célula e da célula para a celebração, ou vice-versa. Quando oramos e pregamos, vivendo a igreja que Deus projetou em seu eterno propósito, Ele faz a árvore frutificar. Creia nisto! Discipulado na Célula Um dos grandes erros no trabalho de grupos pequenos é pensar que o mesmo se resume a um encontro semanal. A célula tem uma dinâmica diária e o contato entre os membros também deve ser assim. Da mesma forma, muitos crentes têm em mente que o discipulado é um curso que devemos fazer para conhecer mais a Bíblia, e este é um conceito empobrecido do que significa discipular e ser discipulado. O discipulado acontece na reunião semanal, mas principalmente nos outros dias da semana, com ou sem um estudo formal, onde o mais importante é a transmissão de valores e conhecimento através do exemplo de vida que surge no relacionamento entre discípulo e discipulador. O propósito de Deus é ter uma família, com muitos filhos, semelhantes a Jesus. Se com o novo nascimento nos tornamos filhos, família de Deus, é com o discipulado que nos tornamos semelhantes a Jesus. Mateus 28:19 apresenta o fim da grande comissão: fazer discípulos de Jesus em todas as nações. Discípulo é aquele que segue e imita o Senhor, que deseja ser o mais parecido com ele possível. Discipulado é um estilo de vida, onde estamos sempre procurando nos parecer mais e mais com Cristo, deixando-o forjar em nós o Seu caráter. A célula é o ambiente ideal para o discipulado, pois à medida que novos vão chegando, os mais maduros iniciam um acompanhamento de sua vida espiritual e pessoal, num relacionamento aberto de amizade e cumplicidade, envolvendo prestação de contas e alimentação condizente com o momento que a pessoa vive. Mais à frente, veremos cada uma destas áreas de forma mais detalhada, dando ao líder ferramentas para melhorar sua eficiência e capacitar o grupo na edificação, no evangelismo e no discipulado. A Célula e o Ministério do Líder O líder de célula é o pastor de um pequeno rebanho, comissionado pela liderança da igreja para cuidar dos membros de seu grupo e de prestar contas de suas vidas a Deus e a sua liderança. Espera-se de um líder que ele seja maduro o suficiente para lidar com as responsabilidades da posição, sem se esquecer de que tem no supervisor o apoio para as lutas mais pesadas. Quando olhamos para dentro da célula, vemos nitidamente o que o apóstolo João chamou de pais, jovens e filhinhos (1 João 2:12-14). Esta não é uma classificação cronológica, mas espiritual. João não fala da vida natural, da idade das pessoas, mas de sua maturidade espiritual. Os filhinhos são os recém-convertidos, que descobriram que têm um Pai nos Céus e que tiveram seus pecados perdoados; os jovens são aqueles que passaram da fase inicial de conversão e já têm experimentado vitórias sobre o inimigo; e os pais, os mais maduros na fé, conhecem a Deus de forma mais íntima e têm maturidade para cuidar de jovens e filhos. A composição dinâmica dos membros de uma célula Como líder, você deve identificar em seu grupo os filhinhos, os jovens e os pais, lembrando que esta divisão nem sempre é tão linear e clara, assim. Desse modo, você poderá dispensar um tratamento adequado a cada um, criando o ambiente para que o Espírito de Deus, que dá o crescimento, leve os filhinhos a se tornarem jovens e os jovens à paternidade, possibilitando a cada um que exerça o seu ministério. Um equilíbrio entre os três grupos é importante, pois uma célula onde predominam pais pode virar um fim em si mesma, bloqueando o crescimento por não terem de quem cuidar. Uma célula só de filhinhos vira uma carga pesada para o líder, que não tem tempo e energia para cuidar e discipular tantos assim. Por isso, uma célula saudável deve ter uma boa distribuição dos três grupos. Os Estágios do Encontro da Célula A célula deve reunir-se, no mínimo, uma vez por semana, em um local e horário conveniente a todos os membros. A esta reunião damos uma sugestão de formato que contempla os diversos momentos que desejamos ver acontecer no encontro, apelidada por Ralph Neighbour Jr. de Modelos dos 4 E’s. Veja o quadro a seguir: Estágios do Encontro Dinâmica Espiritual Dinâmica Emocional Dinâmica da Vida em Grupo Encontro (bem-vindo) Pessoa para pessoa (você para mim) Estabelecendo relacionamentos Conhecendo uns aos outros; contando sua história Exaltação (adoração) Pessoa para Deus (nós para Deus) Fortalecendo relacionamentos Afirmação; abertura para o agir de Deus Edificação (Palavra) Deus para a Pessoa (Deus para nós) Edificando relacionamentos Mudando conceitos; estabelecendo alvos Evangelismo (ação, obras) Pessoa para pessoa (Deus por meio de nós) Estabelecendo novos relacionamentos Alcançando outros; multiplicação Veja abaixo a descrição de cada uma das etapas: I) Encontro – é um momento de descontração e início de abertura para os membros do grupo. Porque cada um chega de uma realidade diferente – uns do trabalho, outros da escola, outros de casa – é necessário “desacelerar” e entrar em sintonia com o grupo. Quebra-gelos e dinâmicas são muito úteis neste momento. Duração sugerida: 15 minutos. II) Exaltação – Agora que todos estão mais conectados e a ansiedade trazida da rua passou, é um ótimo momento para que as pessoas se conectem a Deus, utilizando para isto a adoração e o louvor. Seja com um instrumento, um CD ou um coro de vozes intercalado com textos bíblicos de adoração, o clima deve ser sempre informal e de abertura. Duração sugerida: 20 minutos. III) Edificação – Com o grupo aberto para a ação de Deus, nada melhor do que mergulhar na Palavra, confrontando valores e conceitos errados com o padrão bíblico de Jesus. O estudo de uma passagem ou um sermão é o ideal, onde não acontece uma aula, mas um fórum de debate, coordenado pelo líder ou quem ele designar. Duração sugerida: 40 minutos. IV) Evangelismo – Agora que o grupo está alimentado, deve exercitar-se através do evangelismo. Este é o momento onde compartilhamos a caminhada que temos com as pessoas com quem falamos do evangelho, trocando motivos de oração e orando uns pelos outros. Duração sugerida: 15 minutos. Esta ordem não é rígida, podendo – e devendo – ser alterada de acordo com a necessidade da célula. Haverá dias em que o desejo da célula é passar um tempo maior de adoração ou oração, enquanto em outros dias será necessário estender a edificação para que as dúvidas sejam esclarecidas. Desde que o propósito da célula – edificação e evangelismo – seja cumprido, a dinâmica pode variar de acordo com a sensibilidade e o discernimento do líder. O formato é uma sugestão e uma direção para o líder, não a sua obrigação. Parafraseando Jesus em relação ao sábado, “os 4 E’s foram feitos para o líder; e não o líder para os 4 E’s”. A figura a seguir mostra como a dinâmica dos 4 E’s ajuda a aumentar o vínculo e a abertura entre as pessoas e para com Deus. De uma chegada praticamente sem vínculo, o membro da célula vai se desligando dos problemas externos e internos e a comunhão vai aumentando, criando o ambiente ideal para que o Espírito de Deus aja nos corações de todos. Capítulo 04 – Os Estágios do Encontro da Célula Como já vimos, na teoria um encontro de célula ideal deveria funcionar com estes quatro momentos. Assim, teríamos de 1h30 a 2 horas para a parte mais formal do encontro, o que é bastante para uma reunião que, de modo geral, acontece durante a semana, à noite. Entretanto, na prática, o que se experimenta é que estes 4 Estágios são um esboço para a reunião, muito mais do que um programa a ser rigorosamente seguido. Quando se aplica os 4 E’s fixamente, ocorre o perigo da formalização da reunião. Acaba-se por engessar o ambiente e repetir as estruturas de culto ou da Escola Bíblica Dominical. Na verdade, o objetivo da reunião da célula é exatamente o oposto, ou seja, deseja-se um ambiente informal, onde as pessoas tenham maior liberdade para ter comunhão com Deus, com os irmãos e com não-crentes, visando o seu crescimento. Portanto, os 4 Estágios devem ser um roteiro de conteúdo, não havendo nenhum impedimento para que o líder verifique o que o grupo está precisando, e dedique mais tempo para aquele estágio carente. Por exemplo, se o líder programa uma reunião ideal, com todos os E’s, por perceber que o grupo está maduro, todo o programa poderá ser executado. Se o líder percebe que o grupo está precisando de mais comunhão entre seus membros, que eles se conhecem pouco, deverá haver uma ênfase maior na fase do Encontro, com reuniões só de comunhão, como churrascos, passeios, retiros, quebra-gelos mais longos, etc. Também poderá investir na Edificação para tratar o problema com estudos bíblicos, até que haja uma melhora daquela área. Os 4 E’s da Célula 1º E  ENCONTRO Este primeiro momento da reunião é o período de composição do grupo, enquanto as pessoas estão chegando. O lanche pode ser servido (apenas suco ou refrigerante e biscoitos, por exemplo) caracterizando um ambiente informal. O líder ou a pessoa designada fará um quebra-gelo, que consiste de perguntas, dinâmicas ou algo que deixe as pessoas mais à vontade. Situação do Participante: A pessoa, membro ou visitante, encontra-se desconectada da reunião e não sabe o que foi preparado e qual é o objetivo para a reunião. O líder deve procurar relacionar o quebra-gelo com o objetivo geral da reunião. Duração Ideal: 15 a 20 minutos Objetivos: Servir de introdução, conectando as pessoas à reunião, dando-lhes as boas-vindas e deixando-as bem à vontade para construir relacionamentos. Orientação: Pessoa para pessoa  Você para nós. Palavra-Chave: Bem-Vindo! Relações na vida da Célula: Este é um momento de conhecer uns aos outros, contando a sua história, participando de uma dinâmica, confraternização ou brincadeira. Ingredientes: Lanche, dinâmica, pergunta, brincadeira ou confraternização. Observações:  O Quebra-Gelo é uma atividade que ajuda a pessoa a tirar a atenção de si mesma para sentir-se à vontade no grupo;  Poderá ser um jogo, uma tarefa para grupos menores terminarem num tempo definido;  Desperta a atenção dos participantes para um assunto;  Ajuda as pessoas a criarem vínculos superficiais, que aumentarão no futuro. É uma base que está sendo construída;  Quebra a hesitação inicial das pessoas em particular;  Não é um tempo jogado fora, mas extremamente valioso para criar e manter relacionamentos. Use-o sempre que possível, em todas as reuniões.  O líder precisa estar atento às necessidades ou críticas que podem aparecer. Alguém pode dizer que recebeu uma má notícia (foi demitido, um parente morreu, etc). Continue o compartilhamento até terminar o círculo e então, volte para ministrar à pessoa depois da exaltação. Diga: “Obrigado por nos confiar suas dificuldades. Assim que terminar o louvor, voltaremos para falar mais e orar por você”.  Se as pessoas não quiserem falar, dê a oportunidade de “passarem a vez”. No final pergunte se não gostariam de participar.  Como facilitador, faça a pergunta e/ou dê as instruções e responda para que as pessoas o sigam. Não gaste mais do que 1’ para cada pessoa, a não ser que você esteja fazendo desse estágio o centro de sua reunião. Prática: Fazer um quebra-gelo com a classe: Pergunta: “Qual era o seu brinquedo favorito quando criança?” ou Dinâmica: Nome e sobrenome (Pg. 18 – “101 Idéias Criativas para Grupos Pequenos”). 2º E  EXALTAÇÃO Este segundo momento da reunião é muito importante e deve ser bem planejado. Ele traz a atmosfera espiritual para o grupo, levando a pessoa para Deus. Pode ser composto de 02 músicas mais animadas e 02 músicas mais calmas. O ideal é que tenha acompanhamento, mas poderá ser feito sem. Situação do Participante: A pessoa agora já está mais ambientada, próxima ao nível de conforto, mais aberta para ser ministrada e já percebeu o tom da reunião. Duração Ideal: 20 a 30 minutos Objetivos: Se o objetivo básico do Encontro é conectar as pessoas umas às outras, o da Exaltação é conectar as pessoas a Deus através do louvor inspirado e ungido pelo Espírito Santo. Orientação: Pessoa para Deus  Nós para Deus Palavra-Chave: Louvor (Exaltação / Adoração) Relações na Vida do Grupo: Este é um momento de consolidar e fortalecer relacionamentos com Deus e com os irmãos através de uma comunhão espiritual. Ingredientes: Seleção de cânticos, oração, músicos, CD’s ou DVD’ s. Observações: • Exaltação: Declaração às pessoas sobre Deus, celebração, palmas, volume, o que Deus faz, entusiasmo e alegria. • Adoração: Declaração a Deus a respeito dEle mesmo, contemplação, silêncio, mãos erguidas, o que Deus é, arrependimento e quebrantamento.  Seja um adorador (João 4:23);  Ore, planeje e ensaie;  Peça a Deus um tema (quando não for indicado);  Selecione cânticos que combinem com o tema;  Correlacione os cânticos com a Bíblia;  Passe (prepare) todos os cânticos;  Seja sensível ao Espírito e observador dos fatos;  Se precisar mudar, dê liberdade ao Espírito Santo;  Não selecione cânticos na hora;  Evite palavras longas entre os cânticos;  Evite músicas desconhecidas e com muitas tonalidades;  Fazer uma Exaltação prática. 3º E  EDIFICAÇÃO Este terceiro momento da reunião. É quando fazemos o estudo bíblico ou de um tema específico, à luz das Escrituras. Não poderá ser conduzido por pessoas de fora do grupo e muito menos por irmãos de outras igrejas. Quem for conduzir precisa estar ciente de que não é pregação ou aula de EBD. O condutor é, na verdade, um facilitador e não um pregador ou professor. Assim, ele deve expor um parágrafo do estudo e pedir nominalmente a cada participante que dê a sua idéia ou contribuição. Obviamente, dependendo de fatores como temperamento, ocorrências positivas ou negativas do dia da pessoa e estado de espírito, algumas pessoas falarão mais e outras menos. Como facilitador, o condutor da edificação deverá dar mais a palavra a quem fala menos e tirar de quem fala muito para que haja uma participação equilibrada. Situação do Participante: Agora que já se conectou às pessoas através do 1º E (Encontro) e a Deus, através do 2º E (Exaltação), a pessoa já se sente bem tranqüila e à vontade e poderá ser ministrada através da Palavra de Deus. Contudo, por ser um momento que trabalha a mente, o líder deverá estar atento para que tudo o que foi feito até agora não se perca. Não permita que a edificação seja monótona, sem a participação dos membros do grupo. Verifique se o tema do estudo está comunicando com o grupo. Por exemplo, o grupo pode estar estudando sobre comunhão, mas alguns podem estar sendo abordados por seitas heréticas. Podem estar com dúvidas sobre dons espirituais, etc. Duração Ideal: 30 a 40 minutos Objetivos: Nutrir e edificar biblicamente e doutrinariamente os membros do grupo. Depois de serem conectadas umas às outras e a Deus, agora é o momento de trazer Deus ao grupo, através da sua Palavra e ensino. Orientação: Deus para as pessoas  Deus para nós. Palavra-Chave: Alimentar da Palavra (Estudo) Relações na Vida do Grupo: Este é um momento de trabalhar relacionamentos, resolver conflitos, curar feridas à luz dos ensinamentos de Deus. Ingredientes: Membros assentados em roda, televisão e telefones desligados, gatos, periquitos e cachorros presos e crianças ocupadas em outro ambiente. Um pequeno estudo, boas perguntas e muito diálogo com a participação de todos. Observações:  O facilitador deve estar ciente de que existem pessoas que são fatores negativos, neutros ou positivos de edificação. Os negativos são aqueles que atrapalham a reunião e estão o tempo todo procurando atrair a atenção para o seu problema. “Tocam o seu disco” nas reuniões e não são capazes de perceber a situação. Os neutros são aqueles que não participam da edificação e os positivos são aqueles que participam e contribuem para o desenvolvimento do estudo.  O estudo deve estar relacionado, sempre que possível, às coisas que estão acontecendo no grupo.  Deve encorajar, estimular e desafiar as pessoas.  Deve confrontar “idéias confusas” sobre valores.  Não deve ser momento para discussões ou polêmicas. Deverá ser interrompido e conciliadas as partes, se isto acontecer. 4º E  EVANGELISMO Chegamos a um dos mais importantes momentos da reunião. Este último estágio é ideal e estratégico. Enquanto os três primeiros E’s promovem o crescimento da comunhão entre os crentes e Deus – um crescimento qualitativo – o último E promove um crescimento do relacionamento entre os crentes e os não crentes, visando um crescimento quantitativo. Um não vive sem o outro e tudo que tem vida tende a crescer. O foco central do 4º E é obedecer ao “Ide” de Jesus e alcançar os que ainda não conhecem Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas. Neste momento, tiramos os olhos de nossos problemas, dos nossos “umbigos”, para nos preocuparmos com aqueles que estão numa situação de morte espiritual, devido a seus pecados e delitos (Efésios 2:4-6). Com este estágio, o grupo também adquire um senso de propósito e um destino. Situação do Participante: No grupo, existem dois tipos de pessoas: os membros crentes e os visitantes não-crentes. Eles já passaram por todos os momentos/estágios da reunião e se encontram “abastecidos”. É hora, então, de focar nos alvos de evangelização. O grupo deverá conversar com os não-crentes e explicar o que será feito em seguida. Deixe-os livres para se retirarem ou para permanecerem. É provável que eles queiram participar. Algumas vezes já experimentamos não-crentes entregando folhetos a outros não-crentes. Duração Ideal: 15 a 20 minutos Objetivos: O principal é conectar o grupo aos não-crentes. Ele levará Deus aos que estão fora do grupo. É intencional e deseja-se o crescimento espiritual dos crentes e o crescimento numérico do grupo e do Reino de Deus. A multiplicação é um objetivo que resulta do 4º E. Orientação: Grupo para as pessoas externas  Nós para você. Palavra-Chave: Ação/Obras. Relações na Vida do Grupo: Este é um momento de buscar e iniciar novos relaciona-mentos. O evangelismo oxigena o funcionamento da célula. Um novo convertido dá nova vida à reunião, pois a célula precisa amparar e cuidar deste recém-nascido espiritual. Ingredientes: Ficha do Círculo de Amizade – CA – (ou Oikos- casa em grego), Quadro da Bênção, oração, conversa e planejamento sobre a situação dos não-crentes e como alcançá-los. Observações:  No primeiro encontro, e sempre que necessário, o líder deve orientar os membros a fazer uma lista do Círculo de Amizade (CA);  Este círculo compõe-se de pessoas não-crentes que o membro tem contato com elas: vizinhos, colegas de classe ou trabalho, etc;  Na reunião seguinte, os nomes destes incrédulos devem ser reunidos em uma lista geral do grupo denominada “Quadro da Bênção”;  Em todas as reuniões em que for feito o estágio do Evangelismo, os membros devem orar, conversar sobre estes não-crentes e planejar como alcançá-los. Também podem ser dados testemunhos de atividades desenvolvidas para e com eles;  Os membros devem ser treinados em como visitá-los e discipulá-los. Capítulo 05 – O Caráter do Líder de Célula Se tivéssemos que escolher entre duas pessoas para assumir uma posição de liderança sobre um grupo na igreja e notássemos que uma delas era tremendamente capacitada para o cargo, com todos os talentos e a experiência necessários, mas com algumas falhas preocupantes de caráter, enquanto a outra pessoa não era das mais capacitadas, mas tinha um caráter reto, bíblico, não haveria dúvidas: o líder escolhido seria o de caráter, e não o talentoso. Se há alguma característica de um líder de igreja que não se pode negociar, esta é o seu caráter. O caráter de um líder é o fundamento de tudo o que ele faz e, quando pensamos em servir a Cristo, nada do que fazemos é bem visto aos olhos de Deus se nosso caráter, aquilo que somos no íntimo, não estiver lapidado. O líder de célula tem várias pessoas sob sua liderança e pastoreio, e ao mesmo tempo tem sobre si vários líderes espirituais – supervisor, coordenador... pastor – pessoas que tem autoridade espiritual sobre sua vida. A posição do líder de célula é muito estratégica para o crescimento da igreja e do Reino, mas ao mesmo tempo é muito estratégica para causar divisões, distorção da visão, ou formar grupinhos, facções. Questões não resolvidas entre o líder de células e sua liderança podem ser usadas pelo Diabo para causar desgastes e rachas na igreja. Portanto, o senso de submissão e lealdade à sua liderança é questão primária. Qualquer discordância ou desgaste, deve ser devidamente resolvida, com moderação, oração e maturidade. Fique atento! O alvo do Maligno é o seu coração! Líderes Segundo o Conceito de Jetro – Êxodo 18:21 Além do sábio conselho de Jetro acerca da estrutura de liderança, vemos também em Ex 18:21, as qualidade que os líderes deveriam ter: “homens capazes” – habilidade “tementes a Deus” – espiritualidade “dignos de confiança” (NVI) – lealdade “que aborreçam a avareza” – caráter Habilidade A habilidade é algo adquirível. Todos nós nascemos com talentos dados por Deus para o Seu serviço. Cabe a nós descobrirmos quais são os nossos talentos e desenvolvê-los. Habilidade é a capacidade de usar esses talentos – é a técnica. O líder de célula não precisa necessariamente ser um teólogo, mestre, pregador. Precisa, sim, ser um cristão autêntico, disponível, e que usa bem os seus talentos e dons, para a glória de Deus. Espiritualidade Sem uma verdadeira espiritualidade, é impossível liderar bem uma célula, pois a liderança cristã é algo espiritual. Não é questão de talentos e carisma apenas, mas de vocação e autoridade espiritual. Não podemos confundir espiritualidade com espiritualismo. Muitos pensam em espiritualidade como algo alienado do dia-a-dia, que se manifesta numa dimensão diferente e superior. Mas a verdadeira espiritualidade é algo que adquirimos no nosso quarto e se manifesta no nosso cotidiano, nos nossos relacionamentos, no nosso trabalho, nas nossas ações e reações. Lealdade Aqueles líderes deviam ser homens em quem Moisés pudesse depositar a sua confiança. Homens que não iriam se rebelar contra sua liderança e autoridade, nem precisavam ser vigiados 24 horas por dia para que não fizessem bobagens. Eram homens que amavam a causa de Deus e de Israel. Que ‘vestiam a camisa’ pra valer! O líder de célula precisa ser assim. Entusiasta com a visão da sua igreja local. Leais a Deus e à sua liderança espiritual. Confiáveis. Caráter O alvo de Deus é forjar em nós o caráter de Cristo. Comumente fazemos confusão entre caráter e reputação. Wiliam David fez uma interessante diferenciação dos dois: Reputação Caráter É o que os homens pensam de nós É o que nós realmente somos É a nossa fotografia, nosso quadro pintado É a nossa face, ao vivo e a cores É o que os homens falarão a nosso respeito no nosso funeral É o que os anjos falarão a nosso respeito diante do trono de Deus Nos fará ricos ou pobres Nos fará felizes ou infelizes O líder deve prezar tanto pelo caráter como pela reputação, mas se em algum momento tiver que escolher entre os dois, não pense duas vezes, escolha o caráter. Qual é o meu caráter como líder? Em 1 Timóteo 3, o apóstolo Paulo nos dá parâmetros mínimos para a qualificação da liderança na igreja. Mas há outras características (muitas vezes não notadas) que um líder eficaz deve apresentar. Abaixo, encontramos oito delas, adaptadas de um texto de Dave Goetz, para que possamos avaliar nosso serviço como líder de célula: 1) Lido com informação de maneira correta? Informação é poder. Alguém em um cargo de liderança deve lidar com informação como se estivesse dirigindo um carro com explosivos. Jack Hayford, conhecido pastor e ministro de louvor, escreveu, “Controlar informação é um processo repleto de perigos, mas é de importância vital para um ministério caracterizado por sabedoria e integridade”. Você é confiável quando o assunto é informação sigilosa? 2) Consigo frear julgamentos? Pessoas que fazem julgamentos rápidos não se tornam líderes eficazes na igreja. Você é capaz de conter suas primeiras reações e tomar decisões baseado em sólida argumentação e evidência? 3) Tenho desejo de ser guiado por Deus? Líderes devem escutar uns aos outros, mas mais importante ainda é ser capaz de escutar a voz de Deus. O que Deus está dizendo através da reunião do grupo ou de um encontro de líderes? Você está desejoso em obedecê-lo? 4) Sou capaz de confrontar apropriadamente? Ninguém gosta de conflitos, mas para liderar com integridade, um líder de grupo deve estar pronto para confrontar, mesmo que seja uma pessoa muito próxima. Ira incontrolável, mágoa revelada, palavras que ferem – algumas atitudes demandam um desafio de amor. Os dois extremos são, ou evitar o conflito ou agir como um exterminador. Em qual dos dois você costuma cair? 5) Sou alguém que “olha adiante”? A tradição da igreja dá vida; o tradicionalismo pode matar. O conforto do familiar pode também estrangular o progresso da igreja. Você acredita que os melhores dias da igreja ficaram lá atrás? Ou você anseia por ver o futuro de sua igreja? 6) Sou uma pessoa aberta ao novo? Algumas pessoas parecem ter o “dom” do pessimismo. Pessoas abertas ao novo têm uma atitude diferente. Em vez de “Por que deveríamos?” como resposta imediata, perguntam “Por quê não?”. Como você responde a novas idéias? 7) Tenho dificuldade em ver meus erros? Líderes de caráter assumem a responsabilidade por seus pecados. Eles são humanos e sabem disto. Não são o tipo de pessoa que diz: “A única vez que eu errei foi quando eu pensei que havia errado”. Quando foi a última vez que você disse a um irmão: “Foi mau! Errei!”? 8) Tenho uma paciência de Jó? Num grupo, ver as coisas acontecerem leva mais tempo do que você gostaria. Você consegue controlar sua ansiedade ao lidar com pessoas que são lentas para mudar ou agir? Capítulo 06 – Multiplicando a Liderança Engana-se quem acha que o trabalho de células se resume em pastorear um grupo de pessoas, alimentando-as e cuidando para que suas vidas sigam o caminho de Deus. O líder que vê na célula apenas um grupo de pessoas a serem cuidadas perde o grande alvo de seu ministério. O líder de célula que compreende seu chamado é aquele que enxerga seu grupo como um celeiro de novos líderes, investindo tempo para treinar e capacitar uma nova geração de liderança, deixando como “efeito colateral” o crescimento numérico e qualitativo do grupo. O Princípio da Macieira Uma pergunta básica ilustra esta tarefa principal do líder: Qual é o produto de uma macieira? Muitos respondem de pronto: uma maçã, é claro! Errado! Se a preocupação da macieira fosse apenas produzir maçãs, só os primeiros exemplares de macieiras do Jardim do Éden teriam existido. A verdadeira tarefa da macieira é reproduzir-se a si mesma, gerando outras macieiras para que a sua espécie se perpetue. A maçã é apenas o veículo da semente, sendo um atrativo para que pássaros, homens e outros animais espalhem as sementes e assim aumentem as chances de sobrevivência da árvore. O mesmo acontece com as células. Se o objetivo de um líder é apenas criar um ajuntamento de pessoas, sua célula está condenada à estagnação. Seu objetivo maior deve ser multiplicar sua liderança – a semente de uma nova célula. Assim, ainda que o grupo inicial venha a se desfazer, ele garantiu a continuidade da vida, através de outras células (ou árvores) plantadas. Um Princípio Bíblico A reprodução de liderança é uma prática utilizada por Jesus, que preparou os apóstolos para que fossem líderes multiplicadores sobre o rebanho. Encontramos este aprendizado na carta de Paulo a Timóteo, um líder que foi deixado em Éfeso para auxiliar na formação da igreja local. Veja o conselho de Paulo a seu discípulo, em 2 Tm 2:2: E as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros. Vemos aqui, nada mais que quatro gerações de líderes! Paulo preparou Timóteo, que deveria preparar outro grupo para que este, por sua vez, preparasse outra geração. Um princípio deve ser obedecido, de acordo com a orientação de Paulo: todo líder deve ser ao mesmo tempo “ensinável” e capaz de ensinar, pois não lhe basta aprender o que deve ser feito – deve também aprender a ensinar outros a fazer o mesmo. “O professor só pode ensinar, quando está disposto a aprender” (Janoí Mamedes). Passos práticos para identificar e equipar auxiliares Reproduzir líderes é uma tarefa delicada, pois multiplicamos o que há de bom e também o que há de não tão bom assim em nós e na estrutura que usamos. Por isto, o processo de reprodução de um líder de célula deve ser cercado por certos cuidados, para o bem de todos e, principalmente do Reino de Deus. Veja a seguir alguns passos importantes que devem ser dados: 1) Ore, ore e ore O líder de grupo é uma peça importante não apenas na estrutura da igreja, mas no Reino de Deus. Assim, devemos consultar o Cabeça da Igreja antes de tomar um passo nesta direção. Só Ele é capaz de sondar os corações e confirmar um chamado. O líder não deve ser escolhido por aparência, talentos naturais ou carisma. Como fez com Davi, Deus escolhe e capacita aqueles que muitas vezes os parâmetros mais comuns levam à reprovação. Assim, gaste um tempo em oração, consultando o Senhor a respeito do nome de alguém em quem esteja pensando em recrutar como auxiliar. Só prossiga com a devida paz no coração. 2) Dê responsabilidades a auxiliares em potencial Um erro a ser evitado é o de achar que, por uma pessoa parecer um líder em potencial, ela corresponderá a todas as expectativas. A melhor maneira de não se frustrar ou de não “queimar” um possível bom líder auxiliar é delegar responsabilidades. Antes de revelar à pessoa que você a vê como um futuro auxiliar (o que pode assustá-la, se não estiver preparada) dê a ela tarefas e funções dentro do grupo. Você pode pedi-la que conduza algumas partes da reunião ou mesmo ficar responsável por alguma área, como o acompanhamento do evangelismo ou das listas de oração do grupo. À medida que ela vai correspondendo bem às primeiras responsabilidades, aumente aos poucos seu envolvimento. 3) Faça uma consulta a seu Supervisor O último passo antes de revelar à pessoa que você a quer como um auxiliar na liderança é consultar o Supervisor. Na verdade, o líder deve colocar o Supervisor a par de todo o processo desde o início, mas nunca deve prosseguir, recrutando o auxiliar, sem a ciência e a aprovação do Supervisor. Este passo serve de proteção para o líder, que não fica com todo o ônus de uma possível escolha errada. Além disto, o Supervisor, por ter maior experiência e por estar vendo “de fora”, pode alertar o líder para algum detalhe que passou desapercebido. 4) Recrute e treine A próxima etapa é recrutar e treinar o auxiliar. É preciso deixar claro o que você tem em mente, deixando-o à vontade para aceitar ou não. Líderes não nascem feitos e é preciso ter paciência para que a idéia de liderança amadureça no coração do auxiliar. Mostre-lhe o quanto ele já tem correspondido nas responsabilidades da célula e que este não é um beco sem saída, mas um caminho de crescimento e amadurecimento espiritual. Encaminhe-o ao treinamento formal, na Escola Bíblica, onde sua participação em um semestre de treinamento é imprescindível. Lá ele receberá orientação teórica, mas é no grupo onde o treinamento prático acontece. 5) Ore e planeje em conjunto Depois de recrutar o auxiliar, passe a dividir a liderança do grupo com ele. Não tome decisões isoladas, mas compartilhe os problemas, perspectivas e possibilidades, orando e planejando a caminhada da célula em conjunto. Assim, o auxiliar será treinado em tomada de decisões e perceberá que estar à frente de um grupo de pessoas não é impossível para ele. Seja humilde e aceite a opinião do auxiliar, mesmo que você ache que aquele não é o melhor caminho a seguir. Lembre-se: você é peça-chave no processo de treinamento de liderança do auxiliar. 6) Entregue seu ministério O líder auxiliar será sempre um auxiliar, caso você não lhe entregue a liderança de sua célula. Visando a multiplicação do grupo, é importante que você gradativamente transfira sua liderança ao auxiliar, numa proporção que chamamos de “Regra 80/20-20/80”. Nela, o líder começa com a responsabilidade de 80% das funções do grupo, enquanto o auxiliar é responsável por apenas 20% das funções. À medida que sua liderança cresce, o auxiliar passa a assumir mais e mais responsabilidades na célula, até chegar o momento da multiplicação, quando ele já assumiu 80% das funções, deixando 20% para o líder. Este progresso está ilustrado a seguir: Note que ter responsabilidade pelas funções na célula não implica em fazer tudo, mas em ser responsável para que a célula caminhe, delegando e distribuindo tarefas entre os muitos membros do grupo. Assim, o processo de multiplicação torna-se bem mais suave, pois todo o grupo reconhece o líder auxiliar como uma autoridade sobre a célula, minando as possíveis resistências. 7) Siga encorajando Sempre que começamos uma nova tarefa – principalmente uma que envolve pessoas – inseguranças e medos podem surgir a qualquer hora. Enquanto o auxiliar estiver sob seu treinamento, não deixe de encorajá-lo, reforçando o que ele fez de bom, elogiando-o e mostrando-o como pode melhorar nesta ou naquela área. Mesmo após a multiplicação, não o abandone. Aproveite o relacionamento que já foi construído na célula para continuarem “trocando figurinhas” sobre a caminhada de liderança. 8) O processo é contínuo Não espere terminar o processo com um auxiliar para começar com outro. Lembre-se de Paulo, trabalhando quatro gerações de liderança com Timóteo ao mesmo tempo. À medida que você vai reconhecendo o potencial de liderança de uma pessoa, comece a explorar seus talentos. Quanto mais auxiliares treinados uma célula tem, mais potencial de crescimento e multiplicação terá. Lembre-se: a macieira nunca deixa de produzir outras macieiras. Uma pesquisa entre centenas de líderes de células que eram bem sucedidos em sua jornada revelou, entre outras características comuns, que eles encaravam suas células como celeiros de líderes, enxergando todos os membros como possíveis futuros líderes. Assim, a possibilidade de encontrar bons líderes crescia bastante. Lembre-se de Davi e Saul. Nem sempre aquele que aparentemente será um bom líder é o que Deus está chamando para Sua obra. E, como diz o ditado em nosso meio, se Ele chamar, irá capacitar. Capítulo 07 – Discipulado e Mentoria Um dos pontos fortes do trabalho com células é o fato de construirmos um ambiente excelente para o discipulado, esta prática tão básica, mas também tão esquecida entre os cristãos. Jesus entregou uma ordenança aos seus discípulos: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. (Mateus 28:19,20) Desde então, os seguidores de Jesus têm se perguntado qual é a melhor maneira de completar essa tarefa gigantesca. No entanto, Jesus nunca deu aos discípulos um plano detalhado de como deveriam discipular outros. Quando lhe perguntaram como o Reino de Deus cresceria, Ele respondeu com parábolas, como a do semeador (Marcos 4:3-20). Embora muitos apliquem esta parábola a assuntos diversos, o tema proposto por Jesus era a propagação da mensagem do Evangelho. Os apóstolos parecem ter entendido a questão, continuando a enfatizar a necessidade do discipulado, sem, contudo, entrar em maiores detalhes práticos. Paulo recomendou a seu discípulo Timóteo: Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. (2 Timóteo 2:1,2) Através dos séculos, os seguidores de Jesus criaram sistemas elaborados para discipular os novos convertidos, mas foi na segunda metade do século 20 que pastores e líderes passaram a enfatizar a prática do discipulado, reconhecendo quão distantes estamos do mandamento de Jesus. Segundo Dallas Willard, em seu livro A Conspiração Divina: Não se discute muito sobre o fracasso moral, abusos financeiros ou a espantosa similaridade geral entre cristãos e não-cristãos. Estes são apenas efeitos do problema básico. A realidade negativa fundamental entre os cristãos agora é o fracasso em estar constantemente aprendendo como viver suas vidas no Reino Entre Nós. E esta é uma realidade aceita. A divisão dos cristãos professos entre aqueles que têm vida dedicada a Deus e aqueles que mantêm uma relação de consumidor ou de cliente com a Igreja tem sido uma realidade aceita por mais de 1.500 anos. A falta de um esboço divino para o discipulado, uma receita de bolo bíblica que muitos ainda tentam achar na Palavra, pode ser um tropeço para alguns, mas na verdade é um facilitador vindo das mãos de Deus para nós. Não há receita de discipulado na Bíblia porque não existe receita fixa para se discipular alguém. Como o discipulado é transmitir vida a outra pessoa, à luz de Cristo, e como não há pessoas iguais, todos nós somos particulares, o discipulado torna-se uma emocionante aventura da qual temos uma idéia de onde queremos chegar, mas o caminho será descoberto ao longo da jornada. É provável que o fracasso em se discipular esteja mais em nossa condição espiritual do que na ausência de métodos ou na cultura. Um ou muitos? Jesus instruiu seus discípulos em grupos e também um a um. Semelhantemente, a igreja primitiva usava as duas abordagens. Há muita gente que defende com unhas e dentes uma das duas abordagens como sendo a melhor, mas ambas tem suas vantagens. Vejamos algumas. Discipulado individual 1) Qualquer membro da igreja pode fazê-lo, simplesmente compartilhando com outra pessoa o que o Senhor tem feito em sua vida, liderando-a nos passos pelos quais já passou. 2) O ministério individual já é praticado com naturalidade por muitos através do aconselhamento pessoal ao perdido, aos enfermos e irmãos em geral. 3) Jesus Cristo trata os seus particularmente, dando a cada um o necessário, na medida certa. 4) Poucas pessoas têm a disponibilidade para se envolverem com um grupo maior de pessoas em um nível de discipulado, enquanto envolver-se com uma pessoa não é pesado para ninguém. 5) O relacionamento mestre-aprendiz permite uma maior aproximação e amizade. 6) É flexível na agenda e na intensidade. O tempo de treinamento e de estudo da Bíblia pode ser estabelecido de acordo com as necessidades individuais. 7) É um método facilmente copiado. Fazemos com o outro o que foi feito conosco. 8) Exortação, correção e admoestação podem ser dados rápida e facilmente nos relacionamentos individuais. 9) O discípulo pode observar com maior cuidado a vida pessoal do disipulador, potencializando o aprendizado pelo exemplo. 10) A privacidade do relacionamento individual permite uma maior abertura e tratamento de assuntos mais íntimos. 11) Os resultados do discipulado individual são mais rápidos, devido à concentração do tratamento. 12) É a maneira mais eficaz de formação de novos líderes espirituais, permitindo um acompanhamento próximo do desenvolvimento. Discipulado em grupo 1) Por ser mais usado hoje em dia, as pessoas parecem se sentir mais à vontade no discipulado em grupo. 2) A saída de uma pessoa do grupo não compromete a continuidade do discipulado. 3) Pessoas que ainda não se sentem à vontade para iniciar um discipulado individual podem se sentir bem em um grupo. 4) Pode-se aplicar uma variedade de métodos de ensino, como dinâmicas, discussões, pesquisas, etc. 5) Doutrinas gerais básicas podem ser ensinadas facilmente para várias pessoas de uma vez. 6) O estudo bíblico é altamente estimulante quando os diferentes membros comentam juntos sobre suas descobertas e aplicações. 7) A empolgação individual pode crescer naqueles que, a princípio, não estiverem muito animados, ao verem a alegria e as descobertas dos mais empolgados. 8) Corrigir e exortar em grupo pode ser mais sutil do que confrontar individualmente. 9) A mutualidade, onde todos contribuem com seus próprios dons e talentos, enriquece o discipulado, suprindo deficiências do discipulador. 10) Da mesma maneira, há uma maior riqueza de experiências de vida para se compartilhar quando se tem mais pessoas. 11) Há um sem número de possibilidades de estreitamento de relacionamentos e amizades. 12) O grupo pode agir coletivamente em favor de uma causa, servindo e aprendendo juntos. Na verdade, podemos ver que o discipulado está além do relacionamento individual discípulo-discipulador. Como fez Jesus, o relacionamento de discipulado parte de um pequeno grupo, onde o discipulador estabelece diferentes níveis de relacionamentos com os liderados e estes para consigo mesmos, onde uma regra permanece inalterada: os mais maduros discipulam e ajudam os mais novos na fé a crescerem continuamente em sua caminhada cristã. O bonito desta relação é que o discipulador acaba descobrindo que ele cresce tanto quanto ou até mais que seu discípulo, à medida que deixa o Espírito Santo usar sua vida para abençoar outros. Mentoria Ultimamente, muito se tem falado acerca de mentorear outra pessoa. Esta expressão surgiu quando muitos conselheiros e discipuladores perceberam que o relacionamento de discipulado não acontecia apenas entre um mais maduro e um menos maduro, mas que ocorria um grande crescimento na vida de alguém quando outra pessoa o ajudava a pensar e refletir sobre sua própria vida. No processo de mentoria, o mentor simplesmente ajuda o seu mentoreado a descobrir as soluções para seus próprios problemas, usando perguntas reflexivas, pertinentes e bem colocadas. Como muitas vezes sabemos bem quais são as causas de nossos problemas e como podemos resolvê-los, se tivermos alguém com quem conversar e que saiba extrair esta informação de dentro de nós mesmos, podemos experimentar um excelente crescimento ou romper um nível de estagnação em alguma área. Círculo de Mentoria Na página seguinte, encontra-se o Círculo de Mentoria, uma ferramenta auxiliar muito simples de usar neste processo. Nele, o mentoreado estabelece uma nota para cada um dos temas escritos nos raios da roda. O centro do círculo é o marco zero e a superfície do círculo é a nota máxima, dez. Para cada nota, ele marcará um ponto no raio, proporcionalmente à linha de 0 a 10. Feito isto em todos os raios, traça-se uma linha ligando os pontos e hachurando a área interna. Os raios onde o espaço hachurado é menor indicam áreas na vida do mentoreado que devem ser tratadas primeiro. Perguntas abertas e fechadas O processo de mentoria não consiste em entregar respostas para as perguntas do mentoreado, mas sim entregar perguntas que façam o mentoreado mergulhar na questão e descobrir suas próprias respostas. Para tal, as perguntas nunca podem ser fechadas, respondidas facilmente com um sim ou um não. Chamamos de perguntas abertas aquelas em que a pessoa tem que refletir e “desempacotar” o problema antes de responder. São perguntas que revelam não apenas fatos, mas os sentimentos por trás dos fatos. Por exemplo: Uma pessoa está com dificuldade em perdoar um irmão ou irmã na fé. Uma pergunta fechada: Você está com raiva desta pessoa? (Note que um simples sim ou não devolve para o mentor a palavra, sem muito o que explorar). Uma pergunta aberta: Que sentimento você tem nutrido em relação a esta pessoa todos estes anos? (Aqui o mentoreado tem que identificar e explicitar sozinho seus sentimentos). Lembre-se de que a mentoria cristã tem a Palavra de Deus como base e todos os valores devem ser confrontados com os valores do Reino de Cristo. Uma vez levantada a questão, uma pergunta clássica deve ser feita: o que Jesus faria em nosso lugar? O discipulado é um processo de aprendizado, tanto para o discípulo quanto para o discipulador. Ninguém nasce um excelente discipulador. Quanto mais praticarmos o discipulado em grupo e individual, mais cresceremos e melhores discipuladores seremos. A célula é um ambiente de discipulado por excelência, não só em grupo, mas também para identificar e iniciar o acompanhamento individual de pessoas. O líder da célula deve ser não só um discipulador, mas também um gerador de discipuladores, incentivando este relacionamento entre os pais, jovens e filhinhos do grupo. Círculo de Mentoria Nome: _____________________________________________ Data:_________ Exemplo de Círculo de Mentoria preenchido Capítulo 08 – Evangelismo por Relacionamentos Você já parou para pensar um pouco sobre a sua evangelização? Não sua prática de evangelização, mas o fato de você ter sido evangelizado por alguém. Como foi? O que aconteceu? Foi uma experiência boa? Por mais que a conversão a Cristo gere uma crise pessoal em todos nós – afinal de contas, são muitas e bruscas as mudanças – o sentimento de alegria e satisfação predomina. Se é uma experiência boa, nada mais natural do que nos entregarmos ao esforço de levar este mesmo Cristo a outras pessoas. Mas há um problema! Por que tantos cristãos têm grandes dificuldades em evangelizar? Por que, ao falarmos sobre evangelismo, muitos se sentem frustrados e desanimados? O evangelismo, por ser tão básico na caminhada cristã, não deveria ser algo simples e prazeroso? A resposta correta é ‘Sim!’. O problema reside nos paradigmas que temos sobre o evangelismo, e é esta redefinição do que é evangelizar que propomos neste capítulo. Experiência Pessoal Geralmente, quando ouvimos a palavra ‘evangelismo’, pensamos logo em carros de som na praça, folhetos distribuídos aos desconhecidos que passam e fórmulas decoradas para convencer as pessoas de que precisam de Jesus. Esta é uma maneira válida de evangelizar, mas, com certeza não é a única e, ousaria dizer, não é a mais eficaz. Basta olhar para a maneira com que você veio Cristo. Qual foi a pessoa que mais o influenciou em sua decisão de seguir a Cristo? Qual o relacionamento que havia entre vocês? O que esta pessoa fez para influenciá-lo? De modo geral, as pessoas são levadas a Cristo por parentes, amigos, colegas de escola e trabalho ou vizinhos. Pessoas próximas que passam tempo conosco. E o que estas pessoas fizeram para que decidíssemos por Cristo? Muito antes de explicar racionalmente todo o plano de salvação, estas pessoas nos amaram, serviram e acolheram. Podemos ver que a experiência pessoal da maioria esmagadora dos cristãos está distante daquele modelo de evangelismo de impacto nas ruas. Os grandes evangelistas são as pessoas que estão mais próximas e que mantêm um relacionamento estreito com o incrédulo, tendo boas oportunidade de dedicar-lhe um amor ativo. Evangelismo que Funciona Responda às três seguintes perguntas acerca de como você foi evangelizado:  Quantas vezes você ouviu o Evangelho antes de entregar-se a Jesus?  Quanto tempo levou este processo?  Quantas pessoas estiveram envolvidas no processo de sua vinda a Cristo? Se você não é uma exceção na Família de Deus, você respondeu estas perguntas da seguinte forma:  Ouvi o Evangelho inúmeras vezes até me entregar a Cristo.  Levou muitos meses ou, provavelmente, anos.  Muitas pessoas estiveram envolvidas neste processo. Interessante! Quando pensamos em evangelismo, geralmente imagens de impactos em lugares públicos brotam em nossa mente, mas nestes impactos tentamos alcançar gente que não conhecemos, geralmente sozinhos (no máximo, em duplas), quase exigindo que estas pessoas se decidam por Cristo ali, na praça, logo após escutar nossa explicação sobre o plano de salvação. E quando a pessoa rejeita a mensagem, a rotulamos como dura de coração e voltamos para casa frustrados. A maioria das vezes, o problema não está no evangelista nem no incrédulo, mas no método utilizado, que é fruto de um paradigma distorcido sobre o evangelismo. Na experiência geral do cristão, o evangelismo é um processo que leva tempo, envolvendo diversas pessoas que são próximas ao evangelizado e que tiveram a paciência de esperar o amadurecimento de sua decisão. Mudando os paradigmas do evangelismo Mudar os paradigmas de nossa prática de evangelismo pode tornar possível o impossível. Realinhar nossa maneira de evangelizar com a experiência pessoal que temos é capaz de minimizar as dificuldades, trazendo a alegria do sucesso para aqueles que se julgaram até agora incapazes de levar alguém a Cristo. Analisando os princípios vistos em relação a diversos componentes da prática evangelística e aplicando-os ao nosso contexto de grupos pequenos/células, chegamos ao quadro abaixo, desbancando alguns mitos e possibilitando uma reorganização de nossa ação: Realidades e mitos do evangelismo Questão Relacionamentos Evangelista Conversão Influência Trabalho em equipe MITO Evangelismo significa alcançar estranhos A maioria das pessoas é alcançada por pregadores profissionais A conversão normalmente é instantânea Evangelismo significa apenas dizer as palavras corretas As pessoas são levadas a Jesus por meio da influência de apenas uma pessoa REALIDADE A maioria das pessoas é alcançada por amigos A maioria das pessoas é alcançada por cristãos comuns A conversão geralmente é um processo As pessoas são ganhas para Jesus por meio de amor prático e palavras Quanto mais cristãos um incrédulo conhecer, mais facilmente ele virá a Jesus. IMPLICAÇÃO Os membros das células vão focalizar seu amor e suas orações nas pessoas mais próximas a eles Iremos treinar cada pessoa a compartilhar Jesus com palavras e ações Iremos oferecer muitas oportunidades para pessoas ouvirem o evangelho Iremos encorajar os membros das células a olharem para as necessidades das pessoas e expressarem o amor de Cristo em ações e palavras Iremos apresentar os incrédulos a tantos cristãos quanto for possível Conclusões Bíblicas Quando olhamos para a Palavra de Deus a fim de confrontar estas idéias com a imagem bíblica de evangelismo, vemos os mesmos princípios inseridos. Jesus usou duas figuras para o ato de levar o Evangelho aos outros. Vejamos o que elas dizem: 1) Semeadura e colheita (João 4:37,38) Pois, no caso, é verdadeiro o ditado: Um é o semeador, e outro é o ceifeiro. Eu vos enviei para ceifar o que não semeastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho. Semeadura e colheita é a imagem mais comum da Bíblia para o evangelismo, sugerindo algumas verdades: - O evangelismo leva tempo – Como acontece quando se planta algo, até que se possa colher os frutos, há de se esperar o necessário. Se colhemos os frutos antes da devida hora, os mesmos não têm qualidade. Da mesma maneira, a entrega de um indivíduo a Cristo, de modo geral, demanda tempo, até que o mesmo esteja no ponto certo para tomar sua decisão. É preciso paciência! - O evangelismo é um processo – Não se pode lançar a semente no solo antes de preparar a terra, nem aguar antes de adubar. Há certos passos que devem ser respeitados, como não exigir uma posição favorável por Cristo sem que a pessoa tenha realmente entendido – e até experimentado – o amor de Deus. - Normalmente envolve muitas pessoas – Mesmo na agricultura de subsistência, o agricultor não está sozinho, mas conta com os filhos, parentes e vizinhos para, juntos, darem cabo da tarefa. Levar a mensagem do Evangelho a outros é também um trabalho de equipe, exigindo união de visão, propósito e ação. Mesmo quando atuamos sozinhos, precisamos ter em mente que não somos os únicos usados por Deus neste processo e, como disse Jesus, outro pode colher o fruto da semente que plantamos. 2) Pescaria (Marcos 1:17) Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Outra ilustração de evangelismo é a pescaria. Vejamos o que podemos aprender com ela: - Evangelismo é algo a ser aprendido – Ninguém nasce pescador, nem tampouco evangelista. Teoria e prática podem e devem ser aprendidas. Apesar de alguns, com dom de evangelista, terem maior facilidade de compartilhar o Evangelho com outros, todos nós podemos aprender a evangelizar com eficácia. - Esse aprendizado é eficiente num contexto de relacionamentos – Jesus não ensinou seus discípulos aplicando-lhes um curso intensivo de teoria envangelística. A sala de aula tem seu valor no ensino, mas o evangelismo, por ser uma prática relacional, deve ser aprendido num contexto de relacionamentos. Nada melhor que um grupo pequeno para vivenciar estas experiências. Lembre-se: a pescaria era uma aventura de grupo, usando redes e não varas! Como está sua prática evangelística? Em qual paradigma você está estacionado? Como sua experiência e os desafios da Bíblia se relacionam? Sem dúvida, sua célula é o lugar ideal para começarem, juntos, um novo tempo de experiências evangelísticas frutíferas através de relacionamentos de amor prático. Apostila utilizada na formação de líderes da 8ª Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte com pequenas adaptações. Rev. Janoí Mamedes 


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