O EVANGELHO DE JESUS ESCRITO POR JOÃO
AUTOR- João, filho de Zebedeu, “O discípulo a quem Jesus amava”(Jo 13.23). Era irmão de Tia-go. Sua mãe era Salomé, seguidora de Jesus (Mc 15.40; Jo 19.25). Foi um dos doze escolhidos por Jesus, que posteriormente foram chamados de apóstolos (Mt 10.2-4). Jesus apelidou ele e seu irmão Tiago de “Boanerges”, que significa “filhos do trovão” (Mc 3.17). Ele e seu irmão Tiago eram sócios de Pedro num negócio de pesca no mar da Galileia (Lc 5.10). Embora a obra não registre o nome do autor, contém alguns indícios a respeito da autoria. João, filho de Zebedeu, um dos mais destacados discípulos, não é mencionado pelo nome no Evangelho. É difícil explicar esta omissão, a não ser que se admita que o Evangelho foi escrito por João e que ele evitou identificar-se. Ele era um dos apóstolos de grande destaque na Igreja. O autor conhece bem a vida judaica, como se vê nas suas referências às especulações do povo acerca do Messias (1.20,21; 7.40-42), à hostilidade que havia entre judeus e samaritanos (4.9) e aos costumes judaicos, como o dever de circuncidar o filho ao oitavo dia ter precedência sobre a proibição do trabalho no sábado (7.22). Conhecia bem a geografia da Palestina, localizando Betânia a cerca de 15 estádios (quase 4 km) de distancia de Jerusalém (11.18) e citando Caná, aldeia da Galileia não mencionada em nenhum escrito anterior que se tenha conhecimento (2.1; 21.2). O autor afirma ter sido testemunha ocular do ministério de Jesus (1.14; 19.35; 21.24-25).
Somente uma testemunha ocular dentre o circulo mais intimo dos seguidores de Jesus como João, poderia fornecer tantos detalhes particulares como os que são citados nesse livro. Relatos especiais e algumas vezes indiretos da presença ou participação de João são argumentos que comprovam sua autoria (1.37-40; 19.26; 20.2,4,8; 21.20,24). Os pais da Igreja, como Irineu e Ter-tuliano, declaram que João escreveu esse evangelho.
DATA
De modo geral, defendem-se duas opiniões da datação desse evangelho: O conceito mais tradi-cional situa-o próximo ao fim do século I, por volta de 90 d.C. ou posteriormente. Mais recente-mente, alguns estudiosos tem apresentado como possibilidade uma data anterior, talvez na déca-da de 50 e não depois de 70 d.C.
RELAÇÃO COM OS EVANGELHOS SINÓTICOS
João suplementa os evangelhos sinóticos e possivelmente os relaciona em uma séria de pontos, embora muitos pensem que ele não os tenha conhecido. Os sinóticos destacam o ministério de Jesus na Galileia, suas parábolas e o tema Reino de Deus. João destaca o ministério de Jesus na Judéia, omite as parábolas e pouco fala sobre o Reino, substituindo tudo isso por longos discursos e pelo tema da vida eterna. João também completa os evangelhos sinóticos ao esclarecer que o ministério público de Jesus durou consideravelmente mais tempo que seria de supor simplesmente pela leitura isolada dos evangelhos sinóticos. Os evangelistas sinóticos mencionam somente a última Páscoa, quando Jesus morreu. Mas João identifica três Páscoas, e talvez até quatro, durante o ministério de Jesus, de modo que seu ministério durou pelo menos mais de dois anos e talvez até três anos e meio.
O ESTILO DO EVANGELHO DE JOÃO
Ao longo de todo quarto evangelho, muitos temas teológicos importantes aparecem e reaparecem em diferentes combinações. João expõe esses temas mediante uma habilidosa alternância entre narrativas e discursos, de tal maneira que as palavras de Jesus explicitam o sentido mais interior de suas obras. Grande proporção das ações constantes nesse evangelho, portanto reveste-se de papel simbólico. Por exemplo, o ato de lavar os pés dos discípulos, por parte de Jesus significa purificação de pecados. João também apresenta um Jesus às vezes irônico, como na pergunta feita aos judeus: “Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais?” (10.32).
Os ensinamentos de Jesus registrados em João tendem a ser longas considerações de um sim-ples tema, em contraste com os ditos piedosos, no estilo de provérbios encontrados nos outros evangelhos. O material de ensino é frequentemente embutido de conversações, na medida em que Jesus interage em debates com pessoas ou grupos. Quase não há parábolas nesse evange-lho.
O evangelho de João faz uso de contrastes bem definidos:
- Luz e trevas (1.4.9)
- Amor e ódio (15.17,18)
- Do Céu e da Terra (8.23)
- Vida e Morte (6.57,58)
- Verdade e falsidade (8,32-47)
Jesus não teve princípio; Ele é o próprio princípio, Ele é eterno. Cristo era antes de todas as coisas; por conseguinte Ele não é parte da criação, é o Criador (Cl 1.16; Hb 1.2).
PROPÓSITO
Para alguns intérpretes o propósito de João era propor uma versão da mensagem cristã que fos-se atraente aos pensadores gregos. Outros detectam o desejo de combater alguma forma de he-resia contra a divindade de Jesus. Mas o próprio autor declara seu propósito principal: “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20.31). É possível que tivesse em mente, sobretudo aos leitores gre-gos, alguns dos quais estavam em contato com influências heréticas, mas sua intenção primordial era evangelística.
Com tudo isso os judeus ainda necessitavam de uma prova indiscutível de que esse Jesus era o Messias prometido nos profetas. E João preocupado que a ninguém faltasse essa convicção e a mensagem principal do evangelho, apresenta essas provas em muitos momentos do livro. Os milagres, ensinos e pregações selecionadas durante o ministério público de Jesus são publicadas com o objetivo de comprovar a posição de Jesus como o Filho de Deus. Vários de seus milagres realizados revelam não somente o seu poder divino, mas igualmente assim atestam sua glória como o “EU SOU” (nome de Deus em hebraico).
CONCLUSÃO
João encerra seu evangelho com uma declaração de testemunha ocular de tudo que Jesus fez em seus três anos de ministério: “Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos ” (21.24-25).
Mensagem para nossos dias:
Deus invade a história- O verbo se fez carne e habitou entre nós. Tornou-se como um de nós. Participou de todas as fases da natureza humana. Deus é presente.
Em cristo somos uma nova criação (2 Co 54.17).
O amor deve ser a motivação adequada para o discípulo (a negação de Pedro).
O plano de Deus para salvação do ser humano está completo. Este é o significado do bra-do de Jesus na cruz; “está consumado”. O que Deus fez em Cristo está completo e perfei-to.
Fontes: Comentário da Bíblia de Genegra, Quem é quem na Bíblia editado por Paul Gard-ner, Toda a bíblia em um ano de Darci Dusilek, Através da Bíblia de Myer Pearlman, Co-mentário da Bíblia Vida Nova e Comentário da Bíblia de Jerusalém.
Julho de 2013
Janoí Mamedes
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